quinta-feira, 25 de junho de 2015

FIV: 5 coisas que não esperava




Olá planeadores!

Como sabem no mês passado entrámos no mundo das Fertilizações In Vitro (FIV) sem estar à espera.
Um dia pensávamos que íamos fazer uma simples Inseminação Intra Uterina (IIU) e no seguinte estamos a assinar uma série consentimentos para um procedimento completamente diferente - sim a palavra chave neste contexto é mesmo "completamente".
Como sabem, eu sou uma pessoa que gosta de estar preparada para tudo e esta mudança radical nos planos não me permitiu fazê-lo, pelo que houve muita coisa que me apanhou de surpresa.
Esta é apenas uma lista do meu top 5 de coisas que não esperava neste processo.


1. Dificuldade na toma de decisões
Como disse acima, uma vez que passámos rapidamente de um ciclo de IIU para FIV não fazíamos ideia que iríamos ter que tomar uma série decisões, desde o número de embriões máximo que gostaríamos de transferir até ao que fazer com os óvulos extraídos em cada etapa. Nenhuma decisão foi simples. Mesmo aquela que já tínhamos discutido antecipadamente e que se prendia com a doação dos embriões, acabou por se tornar numa luta interna quando tivemos que decidir se o queríamos fazer de forma anónima ou não e passou por uma verificação de última hora das leis em Portugal relativas ao assunto. O facto de termos um limite temporal para tomar todas estas decisões também não ajudou, mas no final acho que fizemos o melhor possível da situação e não nos arrependemos de nada.


2. Montanha-Russa Emocional
Ok, qualquer mulher que já tenha alguma experiência com medicações hormonais, especialmente com aquelas cuja função é aumentar o crescimento folicular, sabem que é normal ficarmos um pouco... digamos fora de nós. É como se uma bomba rebentasse no nosso sistema, num dia temos os nossos níveis hormonais normais e no dia seguinte temos 100x mais hormonas a correr pelas veias, pelo que é normal ficarmos mais irritáveis, vulneráveis e sinceramente descontroladas. O que eu não esperava é que todos esses sentimentos se intensificassem ainda mais. E não eram só as hormonas, era também a montanha de medos que vêm com um tratamento tão "grande" e que se intensificavam com as ditas cujas. O pior para mim foi mesmo o chorar incontrolável - "Tem dois óvulos fecundados" Buahhhhh, "Tem dois embriões" Buahhhh, "Tens que te acalmar" Buahhhhh - vocês percebem a ideia  ;)


3. Apego aos embriões
Desde o momento em que soube que tinha dois óvulos fecundados, na minha cabeça aqueles montinhos de células eram meus e tinham o meu coração. Mesmo estando completamente ciente de que a qualquer momento alguma coisa podia correr mal, aqueles eram os meus "guerreirinhos" e nada nem ninguém me podia dizer o contrário. Mesmo depois da transferência se alguém sequer mencionasse o facto de poder ficar só um eu virava uma fera - "Nem penses em desejar mal a um dos meus pequeninos!" - para mim eles eram dois desde o inicio, eram duas vidas e não era concebível torcer apenas por um.


4. Dor na transferência
Esta apanhou-me mesmo de surpresa. Em nenhum momento me passou pela cabeça que isto pudesse doer, mas afinal pode. Talvez fosse pelo nervosismo, talvez fosse falta de à vontade com a médica que a realizou, talvez haja uma outra qualquer explicação lógica, mas o facto é que todos os passinhos vieram acompanhados de dor. A colocação do especulo, a desinfecção da área, a inserção do catéter, até a libertação dos embriões, apesar desta ter sido mais uma picada que realmente algo doloroso. Creio que fiquei surpreendida acima de tudo porque comparando com punção isto foi muito pior, de repente parecia que era a pessoa mais sensível do mundo.


5. Resultados
Esta foi a mais dura. Uma coisa é pensar que o resultado poderá ser negativo, outra muito diferente é que o resultado realmente seja negativo. Para mim pessoalmente foi algo como perder os meus bebés. Eu sei que tecnicamente não estive grávida e não me posso comparar com os casais que passaram por um aborto espontâneo, mas aqueles embriões existiram, estiveram dentro de mim e depois desapareceram e fiquei vazia. A parte mais complicada foi lidar com os sentimentos de raiva e frustração voltados para mim própria. O meu corpo mais uma vez falhou. A única coisa que tinha que fazer era receber e proteger aqueles pequenos seres e não o conseguiu fazer. Foi preciso algum tempo para recuperar desse golpe, mas a boa noticia é que o tempo ajuda, não cura completamente, mas ameniza a dor e coloca as coisas em perspectiva.


E vocês?
Sentiram algo semelhante?
Que coisas mais vos apanharam de surpresa?

Bons Planos!

5 comentários:

  1. Olá, Oh sim! Também já passei por todos esses medos, ilusões, frustrações e maluquices hormonais. Já passei por duas icsi's ambas com apenas dois embriões a transferir e nenhum a congelar. Também eu sinto que já perdi 4 bebês, já para não falar daqueles que não passaram do laboratório... Apenas não percebo como te pode ter doído a transferência.... Foi preciso ser muito bruta essa medica. Lamento muito que tenhas sentido tanta dor e desconforto. Para mim a transferência é sempre um momento mágico. ;) beijinho grande e força.

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    1. Obrigado pela resposta.
      Eu também acho que foi pela médica, porque afinal a punção tem passos muito parecidos e não me doeu nada e claro os nervos no dia da transferência também não devem ter ajudado, mas por acaso as outras meninas que estavam comigo nesse dia também relataram que lhes tinha doido mais do que esperavam, para uma delas era a segunda vez e da primeira não lhe tinha doido. Enfim, médicos diferentes fazem as coisas de formas diferentes e alguns são mais delicados que outros.
      Lamento que também tenhas passado pela perda de 4 bebés e espero que em breve um fique aí agarradinho a ti :)
      Beijinho

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  2. Olá

    Eu também passei mais ou menos por esses medos.

    Fiz uma ICSI e, no final, fui uma sortuda: fiquei grávida de um menino que nasce muitooooo em breve.

    A transferência não me doeu nada, nem senti! Só me lembro de ver os dois risquinhos no monitor. E ser, de facto, um momento mágico.

    Lembro-me de dizer ao marido que se tivesse 7 embriões, os queria a todos para mim. Lembro-me de que a decisão mais dificil foi, efectivamente, decidir o que fazer aos embriões excedentes. E até aqui eu fui uma sortuda: só tive 3 embriões. Não sei mesmo o que aconteceria se tivesse 7. Acho que não ia conseguir separar-me deles. E lembro-me de ter ficado muito triste com a perda de dois deles. Um deles depois da transferência.

    Desejo-lhe tudo de bom e que o próximo ciclo seja muito melhor.
    Beijinhos muito grandes!

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    1. Antes de mais muitos parabéns e votos de uma hora pequenina.
      Obrigado pelo comentário.
      Vocês não tiveram que decidir o que fazer com os embriões excedentes antes do procedimento?
      Beijinhos e obrigado pelo pensamento positivo :)

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  3. Obrigada. Este menino está por dia(s).

    Sim, tivemos de decidir antes mas fiquei contente de ter apenas 3. Assim tinha a possibilidade de ficar com eles todos para mim. :) E fiquei aliviada por a natureza não permitir que a decisão que tomamos se verificasse.

    O que fazer com o embriões foi a decisão mais dificil no processo em si, não queria abrir mão dos meus "bebés" fosse de que forma fosse. Mas o marido é super pragmático o que me ajuda imenso.

    Para mim foi muito dificil aceitar que, para ser mãe, teria de fazer mais qualquer coisa do que a maioria das mulheres. Inventava imensas desculpas para me conformar com a evidencia de que nunca seria mãe, procrastinava durante o dia e chorava durante a noite. Até que cheguei a andar "meio" catatónica.

    Quando decidi tentar uma vez que fosse, arranjei uma maneira de atribuir um significado super especial ao procedimento (que foi feito no privado para que fosse rápido e não pudesse desisitir por medo). Usei uns dinheiros que os meus avós me deram e estavam guardados para uma "coisa super hiper mega especial". Aquele dinheiro representava a vida e o amor dos meus avós que quando ficaram muito velhinhos decidiram partilhar com os netos. E nada mais especial do que dar-lhe mais um netinho.

    A partir dessa decisão de avançar com o tratamento entrei em modo robot, desliguei toda a parte emocional, depositei toda a confiança no médico e cumpri ordens. Estar entretida com o protocolo e a parte técnica ajudou-me a não pensar no resultado final e assim, não sofrer tanto. Eu também estava a tomar calmantes e anti-depressivos que devem ter ajudado.

    Tenho uma admiração grande por si Fabianne, pela força e coragem que já acompanho há uns tempo e por isso decidi deixar a minha história na esperança de ajudar a aliviar o caminho.

    Desejo mesmo do fundo de coração que a luta se torne mais leve e feliz.

    Beijinhos grandes

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